quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Novidade #2: mudanças no processo de imigração!


Desde que o escritório de imigração foi pro México (antes ficava em São Paulo pra quem não sabe), o pessoal que já aplicou pro processo tem ficado de cabelo em pé. Acontece que do nada começaram a exigir documentos originais e as cópias autenticadas do cartório não têm mais valor (pra eles). Imaginem as pessoas que já tinham tirado todas as cópias, feito a tradução, pago a taxa e mandado via fedex. Juro, me coloquei no lugar delas e achei uma sacanagem. Deveriam, no mínimo, ter feito um comunicado oficial e só ter desconsiderado as cópias do pessoal que aplicou depois desse comunicado, vocês não acham? E aí, #comofaz? Tira segunda via ou manda o único original mesmo. E depois torce pra eles não perderem nada, senão ta todo mundo fufu. 

A novela das entrevistas
Uma tendência forte no processo é abolirem a entrevista. Pelo menos é o que eles dizem. A entrevista tem mudado um pouco de cara e propósito também. Primeiro era pra avaliar a chance de adaptação e o francês, já que não necessitava fazer teste de francês. Depois avaliava a adaptação e a autenticidade dos documentos originais, já que podiamos mandar as tais cópias autenticadas. Agora é pra avaliar a adaptação somente em pessoas que não atingiram a pontuação mínima com a documentação. Parece haver o interesse de agilizar o processo (que ta lento pra kct) pulando a entrevista, mas a etapa federal ainda tá embaçada, mesmo eles tendo reaberto o processo federal. O pessoal de 2011 está sendo convocado para entrevista só agora em março. Vamos ver se melhora. Também tenho tido notícias de que enfermeiros que fizeram o TCF e aplicaram em julho/2012, já estão de CSQ na mão e sem entrevista. Mas nem todo mundo tem tido a mesma sorte. Está um tal de perder TCF do pessoal que dá medo! Tanto esforço pro pessoal desorganizado do México perder nosso TCF. Muita gente que é prioritário e tirou nota alta no TCF, tinha a esperança de não precisar passar pela entrevista e receber seu CSQ direto via correio, mas foi chamado porque perderam seu TCF. Saudades do escritório de SP.

Chá de cadeira
Ultimamente o processo todo (provincial e federal) tem durado em média 3 anos. Há pouco tempo atrás era 1 ano em média. Imagina ficar 3 anos com aquela expectativa de uma mudança tão grande de vida! Fora os anos de francês (se bem que enfermeira eles dão uma acelerada na imigração, só que chegando lá tem que estudar quase 2 anos pra validar o diploma e fazer uma prova ferrada, queridos). Provavelmente vou passar um bom tempo apanhando no Canadá antes de me ver de scrubs coloridos num hospital legal. Por isso quando vejo propaganda da imigração como se fosse super fácil e rápido, dou risada! Isso aqui não é pra qualquer um não.

E provavelmente mais coisas vão mudar: parece que até o final de março sairão as novas regras do processo provincial. O medo é que o Québec feche ainda mais o cerco, como tem feito nos últimos tempos. De qualquer forma, estamos confiantes porque nossas profissões têm alta demanda há anos e em vários países. Por outro lado, na nossa classe, de 7 alunos, 3 são de TI, rs. A concorrência ta aumentando, galera! Semana passada, eu estava na rua e passou um casal por mim e deu pra ouvir a conversa: "ouvi falar que entrar pelo Québec é bem mais fácil". Poisé, meus amigos. Estamos todos querendo uma fatia desse bolo gelado que parece tão apetitoso. Só que é bom manter os pés no chão. Nas palestras, eles gostam de falar sobre como a população está envelhecendo, de como a mão-de-obra está escassa, mas omitem como os empregadores tem grande receio de contratar imigrante sem experiência canadense, problemas no processo de imigração, demora sem explicar o que está acontecendo, etc. Por isso é importante avaliar bem os verdadeiros prós e contras antes de se jogar nessa loucura de imigrar pra outro país. Tenho visto muita agonia e frustração no pessoal que já está no processo. Um dia você é convocado, mas parece que é conforme a vontade deles e as regras podem mudar de uma hora pra outra. Uma das coisas que mais se comenta entre os blogs é que é preciso ter muuuuita paciência e ponderar muito sobre a realidade que vai encontrar lá (será que vale a pena pra você?). E pra isso, só muita pesquisa e tempo pra digerir tanta informação. A verdade é que não pode ser simples nem tão rápido demais pra ninguém tomar a decisão por impulso e depois se arrepender. Porque, né, quem nunca saiu dessas palestras querendo imigrar no dia seguinte?! Penso que o processo de imigração é parecido com a seleção natural que originou a evolução das espécies. Quem sobrevive a ela, chega mais forte pra enfrentar a próxima etapa (que dizem ser mais difícil ainda), que é a adaptação ao novo meio. Se o processo fosse fácil e rápido, certeza que ia ter muita gente desistindo do Canadá no primeiro mês de adaptação. 

Tendências
De qualquer forma, todos os palestrantes têm orientado para que tentemos ir pro Québec com visto de trabalho no primeiro momento. Parece que essa é a tendencia daqui pra frente. Aliás, é assim nas outras provincias, se não me engano. Talvez o Québec queira, aos poucos, se equipararcom elas. Mr. leblanc orientou sobre tentar o visto de trabalho numa palestra que fomos e hoje a gente já ta vendo o porque. Deve haver mesmo o interesse do governo em diminuir o número de imigrantes esperando serem convocados e desempregados quando chegam no Québec, já que o importante pra eles é que os imigrantes contribuam com os impostos logo. Quanto mais rápido o imigrante se recolocar no mercado québécois, melhor pra todo mundo. E nada melhor do que ir pro Québec com vaga garantida. Nós já falamos sobre isso em outro post e pretendemos insistir nessa tecla. É a maneira mais segura e mais rápida de ir pra lá atualmente. Quando você consegue a vaga, leva em torno de 4 meses pra se mudar de mala e cuia pro Canadá. Uma boa maneira de conseguir uma vaga lá fora são as missões de recrutamento. A área de TI é a mais beneficiada com isso. O problema é que no ano passado, em fevereiro já se sabia que no meio do ano haveria uma missão aqui no Brasil e esse ano, até agora, nada.

Depois de 1 ano avaliando todas as questões, nós ainda queremos comprar essa briga. Mas eu não posso demorar muito pra aplicar para o processo de imigração. Nas regras atuais (na data em que esse post foi escrito) ou você tem um diploma com menos de 5 anos, ou você tem experiência profissional nos últimos 5 anos. Meu diploma tem mais de 5 anos e minha experiência profissional já tem 4 anos. Tenho que correr atrás disso esse ano ainda, mais tardar começo do ano que vem. "Mas, Mère, por que você não volta a trabalhar?" - porque eu não tenho com quem deixar mes enfants e o salário que eu ganharia não daria pra pagar escola para os dois. Me sobraria a opção da escola pública e eu estou evitando isso ao máximo por achar o ensino público, em sua maioria, um lixo nesse país (vou falar mais sobre isso em outro post pra me explicar melhor).

Bonne chance, Mère.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sessão Francófona - 3

Eu quero uma casa no campo...

Pegando carona com o post anterior (onde postei a música do grupo Kaïn, "Embarque ma Belle"), gostaria de falar sobre um filme québécois, que não é o melhor filme do mundo, mas tem uma forte mensagem sobre os ideais dos québécois. Já que a gente quer morar lá, é bom ir se acostumando com a cultura deles, né! A letra da música diz basicamente sobre um cara que está cansado de dar satisfações e ter que ouvir todo mundo dizer como ele deve agir e que convida uma moça a largar a vida na cidade pra viver em liberdade com ele no campo, sem a necessidade de dinheiro. Não sei se ainda hoje é assim, mas senti um choque cultural quando a classe achou a letra da música extremamente romântica e utópica enquanto a professora tentou explicar que há pessoas no Québec que vivem assim e que lá é possível esse estilo de vida. É importante lembrar que apesar do Canadá se tratar de um país de primeiro mundo, a Belle Province é bem peculiar e com uma zona rural muito grande.

Nos anos 70, muita coisa aconteceu regida ao estilo hippie da época. No québec, parece que isso foi ainda mais forte. Quem já estudou a história do Québec, sabe que a sociedade québécoise tem a particularidade de ter se mantido rural enquanto o resto do Canadá se desenvolvia com a industrialização. Claro que a modernidade acabou invadindo o Québec inevitavelmente, mas ficou a cultura ruralista que existe até hoje, apesar de mais fraca. Depois da opressão da igreja católica e do governo, a necessidade de liberdade e da recuperação de suas origens rurais fez com que os québécois tivessem o sonho dourado de voltar ao clima campestre. De fato, lendo entrevistas com celebridades do Québec, já vi mais de uma vez responderem que seu sonho é viver no campo, cuidando de animais e que gostam do estilo "cowboy".

Tanto a música do grupo Kaïn como o filme que vos apresento, "La Vraie Nature de Bernadette", abordam nitidamente esse ideal. Para eles, a liberdade está muito ligada à natureza, tanto no sentido rural como no sentido da natureza própria do ser humano. E sair do meio urbano, das regras religiosas e governamentais e viver de acordo com sua própria natureza remete à idéia de amor livre. 

Nesse filme, uma advogada chamada Bernadette deixa a cidade e seu marido para viver no campo. Aqui fica já evidente a idéia de que o casamento (instituição religiosa) é uma prisão sem grades (idéia explorada também no filme "O declínio do império americano"). Lá, ela conhece Thomas, um agricultor que desafiou os monopólios da indústria alimentícia (crítica direta ao sistema). No campo, Bernadette atende às necessidades amorosas – e sexuais – dos habitantes do entorno, o que inclui um deficiente físico, desprezado por todos - mas não por ela - e um trio de velhinhos até então bastante deprimidos na terceira idade.  Paradoxalmente, ela começa a ser vista como uma santa que atende aos desejos destas pessoas tão carentes, que tornam-se mais animadas para as reformas necessárias - dentro e fora de casa.  Como se não bastasse, além do amor livre, institui o vegetarianismo (prática em voga na década de 70) - o que obriga os velhinhos a comer carne às escondidas. A postura de Bernadette, obviamente, vai gerar fortes inimigos, mas alguns deles vão emergir exatamente no seio da filosofia de “paz e amor” professada por ela que, gradativamente, de santa, começa a ser interpretada como vilã e pecadora. Bernadette descobre que o campo não era tão tranquilo como pensava e através de suas descobertas acaba se deparando com sua verdadeira natureza. Vale a pena assistir a título de curiosidade e pra treinar o francês.

Bisous, Mère.

Novidade #1: francês 2.0


Salut!

O blog fez 1 ano (eeeeh!) e decidimos começar a escrever na primeira pessoa. Deixar o blog mais pessoal, informal e com os textos mais com a cara de cada um que for escrever aqui. Já é um primeiro passo rumo a revelar nossa identidade que provavelmente só acontecerá depois que estivermos no nosso destino final (sabe como é, muitos conhecidos nossos nem sonham que estamos planejando tudo isso. Se deparar com uma novidade desse porte, assim na internet, não seria legal).

Então começaremos comigo, Mère. tenho 3 coisas pra contar pra vocês, mas como são extensas, vou dividir em três posts sendo este o primeiro:


Faz 1 mês que mudamos de curso. Estávamos há 1 ano aprendendo francês com um professor particular de Ontário, mas a coisa tava indo muuuito devagar. Devagar quase parando mesmo. Ele é um amor, mas tranquilo demais, suas aulas eram sempre a mesma coisa sem muita mudança e aquela Grammaire Progressive é um saco. Essa coisa de ficar preenchendo lacuna de frases simplesmente é uma perda de tempo. Num primeiro momento parece prático já que você não precisa escrever a frase toda economizando minutos preciosos da sua vida, mas a médio e longo prazo você demora mais pra gravar as palavras e conjugações porque o segredo da coisa é escrever a frase toda! Dá mais trabalho, mas você grava mais rápido. Mas enfim, vivendo e aprendendo. Agora estamos na famosa école Québec e eu só tenho elogios a fazer! Não poderíamos ter feito escolha melhor. E eu não estou ganhando cachê nenhum pra dizer isso, rs. Como se passou 1 ano e nem saímos do débutant, recomeçamos do zero, mas no intensivo. Em 6 meses (5 agora) estaremos no intermédiaire. Fazemos redação toda semana, já fizemos uma provinha e já cantamos uma música québécoise. Aliás, a música é ótima pra aprender o sotaque e todas as abreviações feitas na pronuncia. O famoso "chuis" e coisas desse tipo.

Essa é a música que a gente cantou ontem (com a letra correta)

Agora com a letra da pronúncia pra vocês verem a diferença:


À la prochain!
Mère.