Salut, mes amis!
Poisé, fui às palestras de imigração. Sim, palestraS. Porque, como alguns já sabem, dessa vez resolveram fazer algo inédito: uma palestra só para enfermeiros. Antes de mais nada, se atentem à data desse post e sempre procurem pelas informações mais atuais nos sites oficiais.
Nos inscrevemos nas duas pra poder comparar o que seria dito em ambas, mas Père recebeu um aviso falando que ele não poderia ir na de enfermagem, que os inscritos seriam identificados na porta e que caso ele fosse, seria barrado (afão!).
Mas ok, lá fomos nós na primeira palestra. Quem está proferindo as palestras é a Perla Ivonne Haro Ruiz, assessora do
Ministério de Imigração do governo do Québec no México. Em outras palavras: ela é a garota-propaganda contratada pelo Québec pra vender o peixe da imigração.
Na palestra tradicional, ela começou simpática, mas foi mudando. Leu slides com o mesmíssimo conteúdo das palestras do ano passado e depois dizia: "não quero ouvir essa pergunta no final da palestra". Até aí, o pessoal achou graça e tava tudo tranquilo. Foi uma palestra superficial, bem menos detalhada do que costumava ser. A impressão que dava era que ela estava com pressa pra ir embora. Então foi toda aquela ladainha de que o Canadá é um país aberto para imigrantes, que você tem um lugar no Québec, que o Québec tem o menor índice de criminalidade, que eles precisam aumentar a população, blá, blá, blá...que a temperatura pode chegar até -30°C (quando a gente sabe que pode chegar até -45°C), e aí uma pérola (a pérola da Perla): "o processo de imigração pode durar até 12 meses cada etapa. Por isso, avaliem se vocês estão dispostos a esperar por esse tempo". Tive que dar risada. Como assim ATÉ? "Até" pra mim significa o máximo de tempo. Um casal que deu entrada no Provincial em dez/2011 levantou a mão no final e comentou que não viu o CSQ até agora e que não foi chamado para as entrevistas que tiveram agora em março. Resposta da Perla: "liga no escritório", casal: "já ligamos várias vezes e só nos pedem pra aguardar", Perla: "é que uma semana de entrevistas foi pouco. Aguardem." Porque, né, não basta ser brasileiro, tem que ser sacaneado até pelo governo do Québec. Mas, enfim, marketing é marketing.
O QUE MUDOU DE FATO?
- O esquema de pontuação continua o mesmo. Profissionais que estão na lista de
6 pontos ou de
12 ou 16 pontos podem aplicar para o processo.
Em abril haverá uma mudança nessas listas, mas não será pra tirar nenhuma profissão, apenas acrescentar outras.
- Eles continuam avaliando os mesmos critérios (diploma, experiência, idade, língua, estadia e família no QC, cônjuge, oferta de emprego, filhos, autonomia financeira) e continua sendo uma avaliação baseada na pontuação.
- Filhos: continua a mesmíssima coisa. O pessoal do
Canadá para Brasileiros havia especulado que muita coisa iria mudar no processo de Québec e que filhos já não teria tanto peso na avaliação. Ledo engano, continua dando uma bela pontuação.
- A simulação do site ta errada. Se quiser saber se há chances de aprovação no processo provincial, deve se basear na cartela que ela passará para os inscritos e que eu vou disponibilizar aqui assim que eu recebê-la por e-mail.
- Segundo a Perla, quem atingir a pontuação mínima (solteiro 49 pontos, casal 63 pontos), recebe o CSQ em casa agora (aham) e quem não conseguir, faz a entrevista (e quem tiver algum documento perdido no escritório de imigração também, né)
- A novela dos documentos foi esclarecida: Perla colocou a culpa nos aplicantes dizendo que eles não entenderam o que era a "cópia" descrita no formulário-Checklist e explicou que tem que ser uma cópia emitida pela instituição que enviou a primeira via. Em outras palavras: você tem que pedir segunda via de tudo que conseguir. No caso do diploma, eles aceitam uma cópia simples com carimbo da faculdade. E sabe por que não avisaram isso antes? Nem eu. Ela também sugeriu que mandasse a carteira de trabalho como comprovação de experiência e eu me pergunto: e se perderem minha carteira?
- Ela sugeriu que colocasse junto ao dossier nosso CV em francês.
No final da palestra, quando abriu espaço para perguntas, deu uma bronca no pessoal que estava conversando entre si. Me senti no jardim de infância. Disse que quem estava conversando que se retirasse da sala e que ela não estava conseguindo ouvir a pessoa que estava do lado dela falando no microfone por causa dos cochichos. E que ela não queria ouvir perguntas repetidas. Claro que cochicho é meio chato, mas não tava uma zona generalizada pra ela ter tido essa reação. Achei um pouco "over". Mas como todos nós temos nossos dias nebulosos, resolvi esperar a palestra para enfermeiros pra ter uma idéia melhor sobre ela.
A PALESTRA PARA ENFERMEIROS
Père não foi comigo na palestra acatando o aviso do Ministério de Imigração, mas tinha gente lá que não era enfermeiro (brazilian way mode on). Aliás, tinha um cara lá que eu não sei o que foi fazer lá, já mora no Québec e é casado com uma québécoise! Mas, enfim...Realmente eles pareceram bastante desesperados por enfermeiros. A
Aliança Francesa vai abrir um curso de francês voltado pra enfermagem ensinando os termos técnicos em francês, provavelmente porque perceberam que os enfermeiros são uma fatia gorda desse bolo imigracional nos próximos anos. Dessa vez a Perla estava mais simpática e disse que o interesse no enfermeiro brasileiro é muito grande por se inserir mais rapidamente no mercado de trabalho devido à formação muito similar à do Québec e facilidade pra aprender o francês (só omitiu que os franceses também têm essa facilidade, inclusive sem precisar validar o diploma e ainda por cima já falam francês, obviamente). Mas pelo jeito a carência é enorme. Ela passou uma tabela que dizia que em 2008 o déficit de enfermeiros era de 2108, agora em 2013 é de 5843 e a previsão é que em 2015 seja de 7822, mesmo se conseguirem um número bom de imigrantes por causa daquela história clássica: a população está envelhecendo e os enfermeiros estão se aposentando.
No drama da duração do processo de imigração, novamente a Perla comentou que cada etapa duraria até 12 meses, mas sugeriu que enfermagem costuma durar menos. Ela jogou no ar "6 meses" mas não quis prometer (e a gente sabe bem porque).
Outra coisa interessante e que me surpreendeu é que, segundo a Perla, a enfermagem québécoise incentiva a especialização, principalmente em cirurgia, cardiologia, pediatria, maternidade e queimaduras. Eu pensei que, mesmo o enfermeiro sendo mais autônomo lá, ele seria mais generalista. Fiquei meio perdida em como seria essa especialização, se é como aqui ou se seria como um mestrado ou algo do tipo e principalmente se o mercado exige especialização como aqui. Ela não sabia essas informações, são específicas demais. Ela também passou que a média salarial do enfermeiro lá é de CAN$41.000,00 a CAN$73.000,00. Será que uma enfermeira recém-chegada e recém-passada na prova da
OIIQ ganharia isso mesmo? Carga horária: 36 horas semanais. Geralmente, um profissional qualquer no Québec tem direito a 2 semanas de férias e 8 dias de feriado pagos ao ano. Perla disse que os enfermeiros têm direito a 4 semanas de férias. A questão da avaliação da OIIQ, segundo Perla, continua a mesma: melhor já pedir avaliação quando entrar no processo federal
(o processo com a OIIQ esta levando + de 1 ano, então é sempre bom chegar lá já com o OK da OIIQ em mãos) e se tiver experiência suficiente e recente, faz estágio de 30 a 60 dias na Província. Se não tiver experiência suficiente ou recente, faz curso de adaptação de 5 meses pago pelo Ministério da Imigração (sei que esse detalhe parece meio diferente, de fato eles estão facilitando as coisas pros enfermeiros entrarem logo no mercado de trabalho). Pretendo fazer um post só sobre a OIIQ.
errata (agradecimentos a La vie est belle):
Não há *especializaçao* como nos moldes brasileiros.
O que acontece é que os profissionais trabalham por anos em determinadas áreas e dai ficam experts em seus campos de atuação.
A OIIQ autoriza o DESS em infecçao hospitalar (diploma de estudo superior especializado) e os mestrados, com exceçao do mestrado IPS, sao para formar enfermeiros cadre, conseil, etc.
a fonte oficial para informaçoes sobre enfermagem é sempre a OIIQ, é triste ver que os profissionais do proprio QC sao meio *perdidos* no assunto
Na realidade o processo de equivalência com a OIIQ pode ser de 6 meses a 2 anos, dependendo da recomendação da ordem.
No fim, ela simulou a contagem de pontuação com algumas pessoas e deu pra eu fazer uma idéia de qual seria a nossa pontuação. Fiquei animada com isso, pois pra dar entrada no processo não precisaremos de um nível muito alto em francês. Na realidade, com zero de francês a gente já ultrapassaria a pontuação necessária, mas o mínimo de francês é necessário, claro. Não tenho problema com a língua, adoro estudar francês (paixão que eu não descobriria se não fosse Québec), mas eu preciso correr contra o tempo devido meu diploma ter mais de 5 anos e minha experiência estar chegando aos 5 anos, como eu comentei anteriormente. Ah, e ela deu a bronca no pessoal que cochichava novamente (mas dessa vez mereceram). A bichinha é brava!